Prémio Fernando Távora 19ª edição
A proposta "Na Linha da Frente. A arquitectura do bunker nas linhas de defesa da Europa Central", da autoria de Maria Rita Pais e Luís Santiago Baptista, foi a vencedora da 19ª edição do Prémio Fernando Távora.
Júri: Composto pelo ator e encenador Ricardo Pais e pelas arquitetas Andrea Soutinho (indicada pela Fundação Marques da Silva), Ana Vieira (indicada pela Casa da Arquitectura) e Susana Ventura (em representação da OASRN). Também Maria José Távora, filha do mestre Fernando Távora, foi designada pela família e integrou o grupo de jurados.
Organização: Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos – Alice Marques e Gabriel Andrade (vogais do pelouro da Cultura), Joana Graça (assessoria)
Design gráfico: Studio Dobra
Patrocínio: Ageas Seguros
Regulamento da 19ª edição
Notícia do Lançamento
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Proposta “Na Linha da Frente. A arquitectura do bunker nas linhas de defesa da Europa Central”
Escolhido por unanimidade, o júri reconheceu que o trabalho “Na Linha da Frente. A arquitectura do bunker nas linhas de defesa da Europa Central” se destacou por ser “uma proposta consistente, com um plano de viagem extremamente bem estruturado e pormenorizado, demonstrando preparação prévia rigorosa. O projeto apropria-se e reformula o próprio conceito de viagem, através da forma como os candidatos pensaram a relação com o território e a especificidade na aproximação a cada um dos lugares.”
“Um dos fatores que pesou na distinção desta proposta face às demais, prende-se com o seu conteúdo imagético e de fascínio por estes objetos arquitetónicos, de alguma forma ocultos e desconhecidos, inscrevendo-a numa reativação dos problemas de fronteira e de guerra que nos vêm afligindo. A proposta procura a discussão do passado destes objetos, também em Portugal, e da sua importância para a memória coletiva futura.”, salienta o júri.
No documento preparado pela dupla vencedora pode ler-se a forma como os dois arquitetos idealizaram a viagem a realizar: “Na Linha da Frente propõe um percurso pela Europa central realizado de automóvel e a pé. A viagem propõe a revisitação, no desassossegado momento presente, das estruturas mais belas e problemáticas da 2ª Guerra Mundial. Os bunkers são fortificações militares defensivas, concebidas como pontos estratégicos de localização de material militar, proteção de pessoas e reserva de mantimentos. No entanto, são igualmente concebidos para possibilitar o ataque bélico. Por questões táticas, são habitualmente construções subterrâneas, ativando as tecnologias de construção mais resistentes e eficazes. Historicamente, o bunker faz parte da terceira fase da história da evolução da arquitetura militar, que se caracteriza pela construção de pequenas estruturas super fortificadas disseminadas e invisíveis no território. Enquanto a antiga muralha e o forte abaluartado são visíveis e identificáveis, o bunker oculta-se na paisagem, fundindo-se com ela.”
Biografia do vencedor
Maria Rita Pais, é natural de Lisboa, e Doutorada em Arquitetura pela FAUTL, desde 2012. Arquiteta, professora, investigadora e curadora, formou-se em Arquitetura na mesma instituição, em 1999, e é ainda Mestre em Construção pelo IST, desde 2004. Atualmente, leciona e coordena o Doutoramento em Arquitetura na ULHT (com Carlos Guimarães) e é vice-diretora para Lisboa do centro de investigação Arq.ID. É também professora convidada na FAUL, desde 2022. É co-curadora do Lisbon Open House 2018 (com Luis Santiago Baptista); do Habitar Portugal 2009-2011 (com Susana Ventura e Rita Dourado) e co-curadora e co-editora do livro Viagem ao Invisível: Espaço, experiência, representação (com Luís Santiago Baptista), entre outros projetos. Mantém interesses de investigação em torno da arquitetura ligados às suas representações e aos media que as divulga, avaliando o seu impacto na prática artística e nos meios editoriais. Em particular, trabalha em torno de metodologias de investigação ligadas à interpretação e experimentação da arte como forma de aprofundamento da compreensão do espaço e da arquitetura.
Luís Santiago Baptista, natural de Lisboa, desenvolve uma atividade multifacetada, compreendendo a prática profissional, a docência universitária, a crítica de arquitetura, a curadoria de exposições e a edição de publicações. Mestre em Cultura Arquitectónica Contemporânea (FA-UTL) e doutorando em Cultura Arquitectónica e Urbana (DARQ-UC), está a desenvolver, neste momento, a tese Point de Folie: As Estratégias da Desconstrução na Arquitectura Contemporânea 1978-2001, com investigação na Architectural Association de Londres, no MoMA de Nova Iorque e no CCA em Montreal. Foi assistente convidado na FA-UTL e é, atualmente, professor auxiliar convidado na ESAD-CR e na ECATI-ULHT. Na área das publicações, foi diretor da revista de arquitetura e arte arqa (2006-16) e é agora co-diretor do J-A Jornal Arquitectos (OA, 2022-24). Destacou-se ainda enquanto curador do ciclo Geração Z: Práticas Arquitectónicas Portuguesas Emergentes (OA, 2007-12), “Falemos de casas” … em Portugal (Trienal de Arquitectura de Lisboa 2010), ARX arquivo (CCB, 2013), Arquitectura em Concurso: Percurso Crítico pela Modernidade Portuguesa (OASRS/CCB, 2016), Fernando Guerra: Raio X de uma Prática Fotográfica (CCB, 2017), Almada: Um Território em 6 Ecologias (Museu de Almada, 2020) e Viagem ao Invisível (OASRS/DGArtes, 2016-19).
Composição de Júri
Ricardo Pais (1945) estudou Direito até ter decidido, em 1968, fugir de Portugal. Fez estudos de Inglês, Elocução e Acting em preparação para a entrada no Drama Centre London, onde terminou o curso de encenação. Encenou em Londres. Regressou a Portugal em 1975 para dar aulas durante 10 anos na Escola Superior de Cinema. Em Viseu, fundou a Área Urbana e o Fórum Viseu, tendo sido responsável por um programa inédito de Ação Cultural que culminou com a restituição à cidade do seu pequeno Teatro Viriato. Foi, entretanto, diretor artístico do TN D. Maria II, onde dirigira e dirigiu espetáculos hoje considerados históricos. Foi, por dois anos, comissário da Capital Nacional do Teatro em Coimbra, onde já encenara para o TEUC, no Teatro Gil Vicente, e para a companhia Escola da Noite, com a qual dirigiu um dos espetáculos inaugurais do CCB (Grande Auditório). Posteriormente, foi, ao longo de 15 anos, diretor artístico e presidente do Conselho de Administração do novo Teatro Nacional São João, para o qual continuou a regressar como encenador convidado. Entre óperas, peças e espetáculos de guião seu, realizou mais de 60 produções, muitos dos quais tiveram circulação internacional e receberam prémios. É condecorado pelas Repúblicas Portuguesa, Francesa e Austríaca. O seu trabalho foi visto em Reims, Paris e Bordéus; em Roma, Nápoles e Turim; em São Paulo, Rio de Janeiro, Santos e Porto Alegre; em Moscovo e Frankfurt. Acaba de apresentar, em estreia (20 de abril de 2023), Longa Jornada para a Noite, de Eugene O’Neill (Ensemble/TNSJ).
Susana Ventura (Coimbra, 1978) é Investigadora Contratada no CEAU-FAUP e Professora Auxiliar Convidada no Mestrado em Museologia da FCSH-UNL. Foi Professora Auxiliar Convidada na EAAD-UM (2018-2022) e no Departamento de Arquitectura da UE (2019-2021). Doutorada em Filosofia pela FCSH-UNL (2013), sob orientação científica do Professor Doutor José Gil, com a tese “O Corpo sem Órgãos da Arquitectura”, cujo projecto incluiu residências de investigação nos ateliers de arquitectura de Diller Scofidio + Renfro, Lacaton & Vassal e Peter Zumthor. Licenciada em Arquitectura pelo Departamento de Arquitectura da FCTUC (2003). Em 2014, recebeu o Prémio Fernando Távora. No mesmo ano, integrou a Representação Oficial Portuguesa na 14.ª Bienal de Arquitectura de Veneza. Paralelamente à carreira académica, desenvolve prática curatorial nas áreas de arquitectura e arte contemporânea, escrevendo, igualmente, crítica no âmbito de ambas. Integrou a equipa editorial do JA - Jornal Arquitectos (Ordem dos Arquitectos, 2016-2018) e é colaboradora regular da revista de arte “Contemporânea”. É membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).
Ana Vieira (1974) licenciou-se em Arquitectura na ULP (1998). Concluiu o Master de Meio Ambiente e Arquitectura Bioclimática na Universidade Politécnica de Madrid (2010), com uma investigação sobre “Critérios de Sustentabilidade para a Reabilitação Urbana”, em 2013 realiza uma Pós-graduação na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, com a tese “A problemática da conservação e manutenção do Movimento Moderno no Património Arquitetónico classificado”. Desenvolveu a sua prática de arquitectura no gabinete Correia Ragazzi e mais tarde no seu próprio atelier A+R arquitectos. Em 2010 integra o Concelho Nacional de Admissão da Ordem dos Arquitetos. Enquanto comissária, Ana Vieira tem participado em diversos eventos como a exposição “Áreas Metropolitanas Séc. XXI” inserida na Trienal de Arquitetura de Lisboa 2007, 1ª edição da Selecção “Respect for Architecture”. Em 2012 funda a Talkie-Walkie, empresa de turismo cultural e arquitectónico, onde desenvolve entre outras actividades, programas de viagens com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais onde se destacam o Turismo de Portugal e o Metropolitan Museum de Nova York.
Andrea Soutinho é licenciada em Arquitetura (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 1992), com Seminário de Pré-profissionalização subordinado ao tema "PAC – Projecto Assistido por Computador". É Vice-Presidente do Conselho Geral da Fundação Instituto Marques da Silva e Professora na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, no Curso de Gestão Hoteleira em Alojamento, Módulo “Funcionalidades e Design Aplicado à Hotelaria”. Desenvolve a sua atividade profissional, como arquiteta, no Porto em projectos de vários temas: Equipamentos, Habitação Colectiva e Unifamiliar, Urbanismo.
Maria José Menéres de Tavares e Távora (Porto, 1961) é licenciada em Ciências Históricas em 1983. Ingressa na Câmara Municipal do Porto para trabalhar nas escavações arqueológicas da Rua D. Hugo 5 e Casa dos 24. Em 1988, ingressa como Conservadora de Museus no Departamento de Museus e Património Histórico e Artístico onde fica até 2004. Nessa qualidade, trabalha no Museu Romântico e na Casa Museu Guerra Junqueiro. Enquanto técnico Superior na Divisão de Património Cultural exerce funções relacionadas com Investigação Histórica, elaboração de processos de classificação, tendo trabalhado no Inventário do Património da Cidade. Conclui a Pós-graduação em Museologia no ano de 1994 na Faculdade de Letras da UP. De 2008 a 2011 frequentou a Universidade Católica - Porto onde se licencia em Conservação e Restauro. Em 2014 concluiu a Pós-graduação em Conservação e Restauro de Bens Culturais. Desde 2012, integra a equipa de Conservadores-Restauradores da empresa ZENOFICINAS, Conservação e Restauro Ldª - Porto, com trabalhos na área da Pintura, Escultura e pequeno mobiliário.