Prémio Fernando Távora 11ª edição
A arquitecta Maria Neto foi a Vencedora da 11ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta “As cidades invisíveis de Dadaab”.
Júri: Daniel Couto, Inês Lobo (indicada pela Casa da Arquitectura), Cláudia Costa Santos (em representação da OASRN) e a coreógrafa Olga Roriz, que presidiu ao Júri.
Organização: Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos – Pedro da Rocha Vinagreiro (vogal do pelouro da Cultura), Adriana Castro (assessoria), Cláudia Antuntes; Pedro Cunha (vogais do pelouro da Encomenda), Sara Azevedo (assessoria).
Design gráfico: Rubio Pereira
Patrocínio: AXA Portugal
Regulamento da 11ª edição
Proposta “As cidades invisíveis de Dadaab”
O Júri “considerou que as cidades invisíveis, tema da proposta vencedora, se distingue por remeter para a própria essência da arquitectura: o abrigo. A arquitectura de emergência hoje é uma necessidade do mundo inteiro – é universal. Deve perceber-se que não é por ser um assunto na ordem do dia – não é por estarmos muito comovidos. Não é uma questão de oportunismo mas de necessidade. É uma questão de tentarmos saber, enquanto comunidade, encontrar soluções para resolver um problema que é real (…). Para além de tudo, esta viagem será física e emocionalmente muito dura.” Excerto da acta do Júri.
“Partindo em grande parte do reconhecimento de que a maioria dos refugiados e deslocados do mundo estão nas chamadas situações prolongadas (6 a 17 anos), onde permanecem em campos por tempo indeterminado e dependentes de assistência humanitária; o crescente número de crises humanitárias e a natureza mutável do deslocamento em massa reforçam, cada vez mais, a necessidade de estudos destas novas estruturas socio-espaciais, que se comportam como ‘cidades’ contingentes insustentáveis. Esta viagem nasce assim de uma vontade de trazer à luz destes territórios invisíveis e de contribuir para propostas alternativas de abordar a intervenção de emergência, alterando a elementaridade com que esta é interpretada do ponto de vista da Arquitectura e Planeamento, desmistificando o problema da permanência e afirmando uma nova forma de pensar a Arquitectura de Emergência contribuindo para a afirmação do direito à cidade e para a melhoria das condições de vida de milhões de pessoas.” Excerto da proposta de viagem.
Na sua viagem, Maria Neto estudará cinco campos de refugiados na cidade queniana de Dadaab.
Biografia da vencedora
Maria Neto (1986, Mirandela, Portugal) realizou, em 2008, um estágio curricular em Porto Alegre, Brasil, num projecto para a favela de Santa Teresinha e concluiu o curso de Mestrado Integrado em Arquitectura em 2009, pela Faculdade de Engenharia e Arquitectura da Universidade da Beira Interior, com a dissertação Arquitectura de Emergência, que deu origem a uma patente. Realizou em 2010 um estágio profissional na empresa Consulgal, em Budapeste, no projecto de ampliação e renovação do aeroporto de Budapeste. Desde 2012 que está ligada a projectos de investigação. É actualmente estudante de Doutoramento pela ETSAG-UAH, Madrid, membro integrado e bolseira de investigação do grupo CCRE/FAUP, onde integra o projecto scopio Editions como assistente editorial. É especialista em Cooperação e Habitabilidade Básica pela ETSAM e tem formação profissional em Humanitarian shelter coordination pela IFRC/UNHCR. Trabalha voluntariamente com diversas entidades, em especial com a Cruz Vermelha, no campo do abrigo e planeamento de emergência e processos participativos.
Integra a organização de diversos eventos científicos e culturais, exposições, debates e aulas abertas, através do grupo CCRE/FAUP. Enquanto assistente editorial foi responsável pela edição de 4ª número da revista internacional Scopio e de vários livros dedicados à Arquitectura, Cidade e Território.
Composição de Júri
Olga Roriz, bailarina, coreógrafa e directora da Companhia Olga Roriz. Iniciou o seu percurso profissional no Ballet Gulbenkian onde foi coreógrafa e primeira bailarina. O seu reportório na área da dança, teatro e vídeo é constituído por mais de 90 obras. Criou e remontou peças para várias Companhias nacionais e estrangeiras. Os seus trabalhos foram apresentados em toda a Europa, assim como nos E.U.A., Brasil, Japão, Egipto, Cabo Verde, Senegal. Moçambique e Tailândia. Os seus trabalhos fotográficos foram apresentados em várias exposições colectivas. Individualmente expôs “Corpos à luz”, “Madona”, “V903SH” e “As camas onde me deito”. Desde 1982 que é distinguida com relevantes prémios nacionais e estrangeiros, donde se destacam: 1º Prémio do Concurso de Dança de Osaka-Japão 1988, Prémio da melhor coreografia da Revista Londrina Time-Out 1993, Prémio Almada 2004, condecoração com a insígnia da Ordem do Infante D. Henrique-Grande Oficial pelo Presidente da República 2004, Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores e Milleniumbcp 2008, Prémio da Latinidade 2012.
Inês Lobo, Lisboa, 1966, arquitecta pela Escola Superior de Belas Artes em 1989, ano em que inicia carreira profissional. Lecciona Arquitectura desde 1989, sendo actualmente Professora convidada no Curso de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa. Participa com regularidade em seminários e conferências, em Portugal e no estrangeiro. Em 2002 funda escritório próprio, como Inês Lobo, Arquitectos. Nos últimos anos tem vindo a destacar-se como curadora e comissária de exposições de arquitectura, sendo responsável pela representação portuguesa na Bienal de Veneza de 2012 e delegação portuguesa para a VIII BIAU - Bienal Ibero-Americana de Arquitectura e Urbanismo. Participação frequente em jurados de Prémios de Arquitectura nacionais e internacionais, como o Prémio FAD 2012 ou o Prémio Secil 2006. Condecorada, em 1999, com o título de Oficial da Ordem do Mérito pelo Presidente da República Portuguesa; em 2013, com o Prémio "Criadores Mulheres da Cultura" pelo governo português e, em 2014, com o Prémio Internacional ArcVision - Mulheres e Arquitectura.
Cláudia Costa Santos, nasceu a 15 de Fevereiro de 1978 em Leiria. Licenciada em Arquitectura pela Universidade Lusíada do Porto, em 2003, onde colaborou na organização de jornadas sobre Arquitectura e Construção. Pós-Graduada em Direito das Autarquias Locais e do Urbanismo, pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto, em 2010. Desenvolve, desde 2005, projectos e obras de arquitectura e de mobiliário. Participou em vários concursos, com destaque para o primeiro prémio no Concurso Público para o “Parque Ibérico de Natureza, Turismo e Aventura de Vimioso”. Foi Júri do “Prémio de Arquitectura do Douro” (edição 2013/14), promovido pela CCDRN. A par da arquitectura, tem desenvolvido trabalho na área da gestão de empresas, consultoria em Planeamento Urbano e Direito do Urbanismo e na área formativa em Higiene e Segurança no Trabalho. Tem participado em inúmeras iniciativas de âmbito político-social e de Igualdade de Género na zona do Porto. Actualmente é Presidente do Conselho Directivo Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, eleita para o triénio 2014-2016. Conta ainda com várias participações em conferências, sessões de sensibilização / esclarecimento no âmbito da Arquitectura e publicações de artigos de opinião.
Daniel Fernando de Almeida Moreira Couto, licenciado em Artes Plásticas (Escola Superior de Belas-Artes do Porto, 1979) e em Arquitectura (Escola Superior Artística do Porto, 1987). Mestrado em Arquitectura pela Escola Universitária das Artes de Coimbra, 2013; CEA em Arquitectura – Formação 3º Ciclo -"Patrimoine en Projet - Ville et Développement", pela École d'Architecture et de Paysage de Bordeaux - Bolseiro F. C. GULBENKIAN, 1994 – 1995. Professor-assistente da Faculdade Arquitectura da Universidade Lusíada do Porto (1993- 2005); Coordenador do Curso de Arquitectura da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde (2002 – 2003); monitor do Curso Arquitectura da Escola Superior Artística do Porto sob regência do Arquitecto Gonçalo Byrne e Pintor Sá Nogueira (1986- 1987); docente do Curso Superior de Desenho da Cooperativa Superior Artística Árvore (1984 – 1987). Director do Projecto Municipal – GRUCH – C. M. Vila Nova de Gaia (1996 – 1998); membro do Work Group UIA - União Internacional de Arquitectos – Program “Educational and Cultural Spaces” – UNESCO; participante em seminários internacionais: Macau (2006), Amsterdão (2004), Santiago do Chile e Buenos Aires (2003) e Porto (2001). Tradução dos livros científicos “ Educação Ambiental e Desenvolvimento Humano” (Pablo Meira e J. Caride) e “Cidade Educadora: Nova Perspectiva de Organização Municipal” (Belén Caballo Vilar). Sócio gerente da firma AEC-Arquitectura, Estudos e Construção, Lda. entre 1998 e 2014 (suspensão da actividade). Actualmente é Presidente não executivo do Conselho de Administração da Gaiurb.
Maria José Menéres de Tavares e Távora, nasceu no Porto em 9 de Maio de 1961. Licenciou-se em Ciências Históricas em 1983, ano em que ingressa na Câmara Municipal do Porto para trabalhar nas escavações arqueológicas da Rua D. Hugo e Casa dos 24. Em 1988 fez concurso para Conservador de Museus ingressando no Departamento de Museus e Património Histórico e Artístico onde ficou até 2004. Enquanto Conservador de Museus, trabalhou no Museu Romântico da Quinta da Macieirinha e na Casa Museu Guerra Junqueiro na área da Museologia, investigação, exposições e Serviço Educativo. Enquanto técnico Superior na Divisão de Património Cultural exerceu funções relacionadas com Investigação Histórica, elaboração de processos de classificação e trabalhou no Inventario do Património da Cidade. Concluiu a Pós-graduação em Museologia no ano de 1994 na Faculdade de Letras da UP. De 2008 a 2011 frequentou a Universidade Católica - Porto onde se licenciou em Conservação e Restauro. Em 2014 concluiu a Pós-graduação em Conservação e Restauro de Bens Culturais estando neste momento a terminar a dissertação para conclusão do Mestrado em Conservação e Restauro na mesma Universidade. Desde 2012 que integra a equipe de Conservadores-Restauradores da empresa ZENOFICINAS, Conservação e Restauro Ldª - Porto, com trabalhos na área da Pintura, Escultura e pequeno mobiliário.