Prémio Fernando Távora 7ª edição
O arquitecto Paulo Moreira foi o Vencedor da 7ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta “Exploratório Urbano da Chicala: Um percurso alternativo pela topografia pós-colonial de Luanda, Angola”.
Júri: Presidido pelo Historiador José Mattoso, e constituído pelo Engenheiro António Ferrão (em representação da família de Fernando Távora), pelo Arquitecto Walter Rossa, pelo Arquitecto Ricardo Vieira de Melo (em representação da Casa da Arquitectura) e pelo Arquitecto Nuno Grande (em representação da OASRN).
Organização: Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos – Nuno Grande; Ana Maio (vogais do pelouro da Cultura), Adriana Castro (assessoria), Ana Cristina Machado; José Fernando Gonçalves (vogais do pelouro da Encomenda), Rita Vitorino (assessoria); Sara Azevedo (assessoria).
Design gráfico: R2
Patrocínio: AXA Portugal
Regulamento da 7ª edição
Proposta “Exploratório Urbano da Chicala: Um percurso alternativo pela topografia pós-colonial de Luanda, Angola”
“A proposta enquadra-se numa investigação em curso na Faculty of Architecture and Spatial Design (FASD), London Metropolitan University, financiada pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O programa de Doutoramento no qual está inserida tem como lema melhorar a vida de seres humanos através da arquitectura, topografia urbana e suas práticas. Este estudo, em particular, está empenhado em decifrar a Chicala, um dos musseques mais centrais de Luanda, como laboratório para uma reflexão mais alargada sobre o desenvolvimento pós-colonial da cidade. (…) Propõe-se complementar este estudo através do “Exploratório Urbano da Chicala”, um conjunto de práticas que irá contribuir para a consolidação do bairro. Este lugar é, em diversos níveis, um reflexo da história do país, e, portanto, deveria ser integrado na sua ordem arquitectónica, urbana e territorial. (…)
Com a bolsa atribuída pelo Prémio Távora, propõe-se passar trinta dias em Angola, entre Abril e Maio de 2012, adaptando e complementando os materiais produzidos num Workshop de Arquitectura Social – que teve lugar em Agosto de 2011 – contando com a colaboração de estudantes e representantes do bairro, e tornando o material público e acessível através da implementação de intervenções/instalações produzidas em colaboração com as autoridades locais e as Universidades participantes. (…)
O “Exploratório Urbano da Chicala” resulta de uma colaboração entre a Faculty of Architecture and Spatial Design e instituições académicas angolanas: Departamento de Arquitectura da Universidade Agostinho Neto e Faculdade de Arquitectura da Universidade Lusíada de Angola. Terá o apoio logístico de duas organizações não-governamentais: Development Workshop e Hope & Space.”
Excertos da proposta de viagem.
O Júri “enalteceu o número e a qualidade da generalidade das propostas concorrentes, pelo potencial que encerram como propostas de investigação no âmbito da arquitectura, reconhecendo que o trabalho premiado nesta 7.ª Edição do Prémio Távora se distingue por recuperar a importância da função social do arquitecto, num ambiente urbano pós-colonial, tendo a cidade de Luanda como destino de viagem e reflexão”.
“Este papel do arquitecto, suscitado e experienciado nas décadas de 1960 e 1970, em diversas partes do mundo, teve um especial reflexo na prática da “Escola do Porto”, através do contributo, entre outros, de Fernando Távora, no levantamento das más condições de vida da Área Urbana da Ribeira-Barredo, e depois das chamadas “ilhas do Porto”, um conhecimento directo que informou ainda o Processo SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local)”.
Para o Júri, a proposta de Paulo Moreira “prolonga, para um novo contexto geográfico, e para uma nova realidade social, esse papel pró-activo do arquitecto na procura de um envolvimento, através da organização de um workshop amplamente participado, da população autóctone, assim como das instituições e dos cursos de arquitectura locais, no sentido de valorizar alguns aspectos do tecido do “musseque” de Chicala enquanto parte integrante da história da construção de Luanda. O carácter laboratorial da viagem permitirá, na visão do júri, chamar a atenção para uma realidade urbana global, particularmente comum a tantos outros países de miscigenação cultural semelhante, procurando assinalá-la enquanto fenómeno contemporâneo”.
Excerto da acta do Júri.
Consulte o website que reune os resultados do projeto: Paulo Moreira - Architectures
''Investigating Urban Conflict and Reciprocity Between Chicala and Luanda, Angola" - Artigo da autoria de Paulo Moreira www.architecture.com
Biografia do vencedor
Paulo Moreira nasce no Porto em 1980. É licenciado em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura do Porto (2005), Mestre pela London Metropolitan University (2008/09), e frequenta, actualmente, o doutoramento na Faculty of Architecture and Spatial Design, London Metropolitan University (2010/13). Estagiou com Herzog & de Meuron em Basileia (2003/04) e trabalhou como free-lancer em Barcelona no b720 arquitectos (2005/07). Entre 1995 e 2011, orientou visitas guiadas na Fundação de Serralves (Serviço Educativo, 1999/2005), e leccionou em diversos semestres nas escolas de arquitectura: EPF Lausanne / FAUP (2009), Universidade Agostinho Neto / Universidade Lusíada de Angola (2001) e London Metropolitan University (2009/11). Como crítico e conferencista convidado, foi orador, entre outras, na University of Leeds, na University of Greenwhich, na Architectural Association e na Kingston University. Em 2009, foi galardoado com o Noel Hill Travel Award, American Institute of Architects - UK Chapter, entre outros prémios. Recentemente apresentou no Porto a exposição “A Chicala não é um bairro pequeno”, a partir da qual lançou um livro em Janeiro de 2012 (Edição de autor), e que se relaciona com a viagem agora proposta. A 5 de Abril de 2012, apresenta a mostra "Angola is not a small Kingdom" na Galeria The Gopher Hole, em Londres, uma parceria entre o colectivo "aberrant architecture" e Beatrice Galilee, a curadora da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2013.
Composição de Júri
António de Queirós Montenegro Ferrão, Nascido a 13 de Novembro de 1946, na Foz do Douro, filho de Bernardo Ferrão, o irmão mais velho do Arquitecto Fernando Távora, e de Isabel Maria de Vilas Boas Queirós Montenegro. Licenciou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1972, é membro Sénior da Ordem dos Engenheiros e teve uma carreira profissional caracterizada por três pólos de interesse distintos: desde 1971, e ainda como finalista, foi monitor da Faculdade de Engenharia da U. P., tendo sido contratado, posterior e sucessivamente, como assistente estagiário, assistente e assistente convidado, cargos que desempenhou, em exclusividade, até finais de 1981; a partir de 1982, desenvolveu a sua actividade em empresas de construção civil e obras públicas, dedicando-se inicialmente a tarefas de planeamento e controle de produção, gestão e controle de meios de produção e, numa fase posterior, à direcção de empresas; desde 2002 tem-se dedicado, em exclusivo, a tarefas de Gestão Contratual, acompanhando e apoiando os aspectos contratuais das fases de orçamentação e execução das obras adjudicadas; Filho de um Engenheiro com um notável percurso profissional, mas desde sempre interessado pelas 'artes', de que foi apaixonado coleccionador e incansável investigador nas áreas da cerâmica e do mobiliário portugueses e na imaginária luso-oriental, desde cedo o acompanhou nas tarefas de busca, registo e divulgação dos inúmeros trabalhos que publicou, tendo-lhe ficado um especial interesse pelas mesmas. O convite para integrar, como representante da Família, o júri do Prémio Fernando Távora (meu Tio e Padrinho) é, para além da honra que representa, a oportunidade de Lhe prestar uma humilde mas sincera homenagem.
José Mattoso, Nascido em Leiria em 1933. Doutorado pela Universidade Católica de Lovaina (1966). Professor da Faculdade de Letras de Lisboa, 1971-1977 e da Universidade Nova de Lisboa, 1978-1998. Vice-Reitor, 1991-1995. Aposentado, 1998. Voluntário ao serviço de Timor-Leste, 1999-2006. Presidente do Instituto Português de Arquivos, 1988-1990. Director da Torre do Tombo, 1996-1998. Prémio Pessoa 1987; União Latina, 2007. Obras mais importantes: Le monachisme ibérique et Cluny, 1968; A nobreza medieval portuguesa, 1981; Ricos-homens, infanções e cavaleiros, 1982; Portugal medieval, 1985; Identificação de um país, 1985; A escrita da História, 1986; Fragmentos de uma composição medieval, 1987; Obras completas, 2000-2002; A Dignidade. Konis Santana e a Resistência Timorense, 2005; D. Afonso Henriques, 2006; Naquele tempo, 2009. Direcção e coordenação de: História de Portugal, Círculo de Leitores 1993-1994; Portugal. O sabor da terra, 1998; Património de origem portuguesa no mundo. Arquitectura e urbanismo, 2010; História da vida privada em Portugal, 2010-2011.
Nuno Grande, (Luanda, 1966) Licenciado em Arquitectura pela Universidade do Porto, em 1992. Professor Auxiliar no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde lecciona, desde 1993. Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra no Núcleo de Cidades, Culturas e Arquitectura. Docente, por extensão, da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, na área de Urbanística. É autor e editor de obras no âmbito da cultura arquitectónica e urbana, sendo membro da Associação Internacional de Críticos de Arte. Escreve regularmente em revistas da especialidade em Portugal, Espanha, França, Holanda e Japão. Enquanto programador e curador foi responsável pela área de Arquitectura e Cidade do Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, pelo Pelouro da Cultura da Ordem dos Arquitectos (SRN), em 1999-2004, e, novamente, desde 2010, e integrou o comissariado da 1ª Trienal de Arquitectura de Lisboa 2007 (Núcleo Portugal), como também da Representação Oficial Portuguesa na 7ª Bienal de Arquitectura de São Paulo, 2007.
Ricardo Vieira de Melo, Foi presidente do Núcleo de Aveiro da Ordem dos Arquitectos entre 2007 e 2011; é Doutorando em Arquitectura pela Universidade Lusíada do Porto e Mestre em Design de Equipamento pela FAUP - Porto 1998. Licenciou-se em arquitectura pela FAUTL em Lisboa 1989. É Professor da Universidade Lusíada - Porto desde 1994 e foi Professor Convidado do Curso de Design da Universidade de Aveiro em 1997/1998.
Expôs Individualmente na Ordem Arquitectos em Lisboa, no ciclo “Sala de Projecto”- 2004. Foi seleccionado para a exposição nacional de arquitectura “Habitar Portugal ‘06’08” com duas obras e Finalista do “VI Aenor Prize” – Vigo, Espana em 2009. Primeiro Prémio de Urbanismo e Arquitectura de Aveiro em 2003, foi-lhe atribuída a Menção Honrosa do mesmo prémio em 2005. Foi quarto classificado no “Europan 6 – Amsterdam” – Holanda em 2001 e Menção Honrosa do “Prémio Architecti” do mesmo ano. Segundo prémio para “Complexo Pedagógico da Universidade do Minho” – Braga 1991. Fundador da RVDM, arquitectos Lda.
Walter Rossa, Natural de Caracas (1962). Arquitecto pela Universidade Técnica de Lisboa (1985), Mestre em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa (1991) e Doutor em Arquitectura pela Universidade de Coimbra (2001). Docente do Departamento de Arquitectura, investigador no Centro de Estudos Sociais e coordenador do programa de doutoramento Patrimónios de Influência Portuguesa da Universidade de Coimbra. Titular da cátedra Odebrecht-Capistrano de Abreu da Universidade de Algarve (2011-2014). Sob sua orientação foram já concluídas mais de meia centena de provas académicas. A par com actividade de arquitectura e urbanismo, tem-se dedicado à investigação em Teoria e História do Urbanismo, em especial nos domínios da urbanística, da cultura do território e do património do universo português, tendo proferido múltiplas conferências, dado cursos, comissariado eventos e exposições, dirigido projectos editoriais e de investigação e publicado livros e artigos em diversos países e línguas.