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Prémio Fernando Távora 2ª edição 

A arquitecta Sílvia Benedito foi a Vencedora da 2ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta “Quadrícula Emocional - Apontamentos para um Urbanismo Endémico (Natureza, Arquitectura e Infra-estruturas) na fundação das cidades Atlânticas do Séc. XVI".

Júri: Composto por Nuno Teotónio Pereira, Eduardo Souto de Moura, Filipa Guerreiro, João Lobo Antunes e Ferrão Afonso.
Organização: Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos –  Teresa Novais; Filipa Guerreiro; Luís Tavares Pereira; Maria Manuel Oliveira (vogais do pelouro da Cultura), Margarida Vagos Gomes (vogal do pelouro da Encomenda), Rita Vitorino (assessoria).
Design gráfico: R2
Patrocínio: AXA Portugal

Regulamento da 2ª edição
Proposta “ Quadrícula Emocional - Apontamentos para um Urbanismo Endémico (Natureza, Arquitectura e Infra-estruturas) na fundação das cidades Atlânticas do Séc. XVI"

De âmbito multi-disciplinar a presente proposta para o Prémio Fernando Távora irá focar-se no estudo e visita das cidades portuguesas do Atlântico do Século XVI, mais precisamente nas cidades da costa do Brasil, Ilhas da Madeira e Açores onde os sistemas de fundação não se basearam nem por tratadísticas clássicas, nem por poderes centralizadores e nem por maiores movimentos internacionais mas sim por uma "inteligência" enraizada na cultura urbana portuguesa em articular Natureza com Arquitectura como elementos estruturantes da forma urbana: Natal (Rio Grande do Norte), Olinda (Pernambuco), Salvador (Baía), Vitória (Espírito Santo), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Santos (São Paulo), Funchal (Ilha da Madeira), Ponta Delgada (Ilha dos Açores) são as cidades que esta hipótese para um urbanismo único e distinto vai explorar. A proposta está assim articulada em três partes: a primeira parte respeita à análise e confrontação destes princípios de síntese com a realidade "in loco"; a segunda parte respeita à avaliação das particularidades e variações que cada cidade possa apresentar no âmbito deste modelo; e a terceira parte é a re-conceptualização desta forma de actuação no território para potenciais adaptações em relação ao presente discurso acerca de cidades.
Nas cidades actuais a escala de interdependência entre políticas e economias, a omnipresente tecnologia e acessível informação, a fácil mobilidade e a aparente dissolução de fronteiras entre países promovido pelo turismo internacional, a crescente emigração e o entendimento do ambiente à larga escala planetária têm vindo a impor novas disciplinas, a revelar identidades e a manifestar modos de vida emergentes. Tal como a cultura se diversifica e se multiplica assim é fundamental entendermos como a cidade e a qualidade de vida das sociedades se articulam nesta nova realidade em que temas tais como ecologia, geografia e cultura são cada vez mais pertinentes. Se no início da década de 50 o “localismo” como ideologia e atitude eram defendidos no CIAM contra o anónimo produzido pela cidade funcional; se hoje muitos arquitectos e urbanistas argumentam pelo específico versus o genérico na propagação de modelos indiferentes aos contextos culturais (físicos e imateriais) a tarefa que importa atingir é a de encontrar precedentes de raíz “específica” que legitimem um urbanismo que faça a ponte entre a cultura global e sistemas locais, entre as dinâmicas do território e as dinâmicas dos desejos de quem o habita. A emergência de encontrar modos alternativos de entendimento do território é assim essencial. Como James Corner, um dos criadores do termo Landscape Urbanism, argumenta: In the opening years of the twenty-first century, that seemingly old fashioned term landscape has curiously come back into vogue. The reappearance of landscape in the larger cultural imagination is due, in part, to the remarkable rise of environmentalism and a global ecological awareness, to the growth of tourism and the associated needs of regions to retain a sense of unique identity… and its capacity to theorize sites, territories, ecosystems, networks, and, infrastructures. In particular, thematics of organization, dynamic interaction, ecology, and technique point to a looser, emergent urbanism, more akin to the real complexity of cities and offering an alternative to the rigid mechanisms of centralist planning. (In, The Landscape Reader, p. 037, 2006 Princeton Architectural Press)
Esta proposta re-assume assim o papel fundamental que o desenho urbano possui em reactivar economias e culturas, re-estabelece a importância do específico versus o genérico e destaca a história do desenho urbano português como um urbanismo híbrido e, por isso, potencial modelo sustentável pela forma como, emocionalmente, Natureza e Arquitectura se articulam na construção espacial do território.
Portanto, a pergunta base que se colocou na formulação desta proposta foi: como se poderão desenhar e construir cidades em que economias e culturas se associam na procura de um modelo de intervenção urbano de valorização ao que é único ao território nomeadamente a sua geografia, ecologia e dinâmicas individuais ? A história do desenho urbano português do Século XVI, com o seu particular modelo de articulação entre Natureza e Arquitectura, pode representar um precedente válido para esta questão que importa ser testado e provado através de experiências reais de confronto "in loco".

Biografia da vencedora

Silvia Benedito, arquiteta e urbanista, ensina na Harvard Graduate School of Design (Cambridge, MA) desde 2011. Responsável, entre outras iniciativas, pela sequência pedagógica CANARY IN THE MINE, estabelecida na Harvard GSD desde 2019 focada nos desafios dos territórios e comunidades rurais em Portugal e Guinea-Bissau. Benedito é co-diretora do gabinete de arquitetura e urbanismo OFICINAA, GmbH (Alemanha) e consultora externa de estratégias de adaptação climática na firma de projeto Uniola, GmbH (Alemanha). O seu último livro, Atmosphere Anatomies: On Design, Weather, and Sensation (Lars Müller, 2020), com fotografias de Iwan Baan, recebeu o prêmio inaugural de Arquitetura, Inovação e Sustentabilidade 2021 organizado pelo Fundo Ambiental (FA) e pela Ordem dos Arquitectos (OA).

Composição de Júri

Jorge Sampaio, Nasceu em Lisboa, em 1939. Licenciou-se, em 1961, em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde desenvolveu uma relevante actividade académica, iniciando, assim, uma persistente acção política de oposição à Ditadura. Em 1978, Jorge Sampaio adere ao partido Socialista. Em 1979, é eleito deputado à Assembleia da República, pelo círculo de Lisboa, e passa a integrar o Secretariado Nacional do PS. Em 1989, concorre à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, cargo para o qual é, então, eleito e depois reeleito, em 1993. Em 1995, Jorge Sampaio apresenta a sua candidatura às eleições presidenciais e é eleito, à primeira volta, a 14 de Janeiro de 1996. Foi investido no cargo de Presidente da República, no dia 9 de Março de 1996. Cumpriu o seu primeiro mandato exercendo uma magistratura de iniciativa na linha do seu compromisso eleitoral. Apresentou-se de novo e voltou a ser eleito à primeira volta, em 14 de Janeiro de 2001, para um novo mandato, que terminou em 9 de Março de 2006. Jorge Sampaio manteve, ao longo dos anos, uma constante intervenção político-cultural, nomeadamente através da presença assídua em jornais e revistas (Seara Nova, O Tempo e o Modo, República, Jornal Novo, Opção, Expresso, O Jornal, Diário de Notícias e Público, entre outros). Tem recebido diversas distinções nacionais e estrangeiras entre as quais o Prémio Europeu Carlos V em 2004. Em Maio de 2006 foi designado Enviado Especial para a Luta contra a Tuberculose, do Secretário-Geral das Nações Unidas.

Alexandre Alves Costa, Nasceu no Porto em 1939. Depois de estagiar no Laboratório de Engenharia Civil, com Nuno Portas, diplomou-se em Arquitectura, pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em 1966. Foi colaborador de Álvaro Siza e prestou serviço na Câmara Municipal do Porto. Docente desde 1972 nas áreas de Projecto e da História da Arquitectura, é Professor Catedrático na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) e Professor Convidado no Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra. Foi membro da Comissão Instaladora do Curso de Arquitectura da FAUP e Director do Curso de Arquitectura da Universidade do Minho. A seguir ao 25 de Abril, integrou a Comissão Coordenadora do SAAL/Norte. "Adviser" da delegação oficial de Portugal à Conferência das Nações Unidas sobre Estabelecimentos Humanos – HABITAT, Vancouver, Canadá em 1976. Tem bibliografia publicada em revistas da especialidade como Lótus International, 9H, Wonen Tabk, Casabella, Architecti, JÁ-Jornal Arquitectos, Estudos/Património. Membro do Conselho Editorial do Boletim da Universidade do Porto e da revista Monumentos da Direcção Geral dos Edíficios e Monumentos Nacionais, integrou o Conselho Editorial da JA-Jornal Arquitectos da Ordem dos Arquitectos, de 2000 a 2004. Exerce a profissão liberal, desde 1970, com obra construída, quase totalmente publicada.

Luís Ferreira Alves, Nasceu em Valadares, a 25 de Abril de 1938. Seccionista activo do Cineclube do Porto onde colaborou na Secção de Textos e foi co-fundador da Secção de Formato Reduzido e Cinema Experimental. Com o impulso de Henrique Alves Costa participou na realização colectiva do Documentário Auto da Floripes. Em 1962 foi preso pela PIDE e julgado em Tribunal Plenário do Porto tendo sido compulsivamente afastado do Banco Ferreira Alves & Pinto Leite, onde até então trabalhava junto a seu Pai, iniciando actividade comercial diversa. Em 1982 e face à sua actividade como fotógrafo amador (exposições na Coop. Àrvore) o Arqtº Pedro Ramalho, amigo da juventude, apresentou na Esbap um diaporama da sua obra arquitectónica, com imagens que livremente colheu; foi esse o ponto de partida para a sua actividade como fotógrafo profissional. Publica regularmente imagens em revistas de arquitectura de todo o Mundo. Tem dezenas de obras (de arquitectura, institucionais e outras) publicadas dentro e fora de portas.

 

Gonçalo Byrne, Nasceu em Alcobaça, em 1941. Autor de uma vasta obra, várias vezes premiada a nível nacional e internacional, Gonçalo Byrne é um arquitecto de destaque no panorama actual, detendo a sua produção particular relevo nos planos patrimonial e cultural. O seu sólido percurso profissional reflecte-se de forma ampla não só no âmbito da sua produção arquitectónica, como na do planeamento urbano. Professor catedrático, convidado em Portugal e no estrangeiro, recebe em 2005 o título honoris causa pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Da sua obra, diversificada em termos de escala, de tema e de programa, destacam-se como exemplo a recente intervenção no Mosteiro de Alcobaça e área envolvente, a ampliação do Hotel da Quinta das Lágrimas e o projecto para o Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra. Na área do planeamento urbano realiza, entre outros, os planos de pormenor para a área envolvente ao Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, para a Alta Universitária, em Coímbra, para a Cava de Viriato, no âmbito do Programa Polis, em Viseu, bem como o Plano da Vila de Trancoso, no âmbito do Programa das Aldeias Históricas de Portugal. Desenvolve actualmente projectos significativos na área da hotelaria e do turismo tais como o da Pousada de Estói, no Algarve, a Pousada de São Teotónio, em Viseu, bem como os estudos de viabilidade do Hotel Miramar, no Estoril, e de um novo hotel em Faro.

Luís Tavares Pereira, Nasceu em Lisboa, em 1966. Licenciado em arquitectura (FAUP, 1991), M.Arch (Princeton University, 1996). Sócio fundador do atelier [A]. ainda arquitectura, integra o Conselho Directivo da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos, eleito para um mandato de três anos, responsável pelo pelouro da Cultura. É ainda comissário da secção dos países convidados na 1ª Trienal de Arquitectura de Lisboa TAL’07. Foi co-comissário da representação oficial portuguesa na Bienal Internacional de Arquitectura de Veneza, 2004 com Metaflux: duas gerações na arquitectura portuguesa recente; do projecto de exposições e seminário sobre Arquitectura Portuguesa Recente: INFLUX, Porto, 2002-2003 a convite da Fundação de Serralves; Co-comisário dos Simpósios Internacionais de Arquitectura “Museus de Arte”, Museu Serralves/OASRN, Porto, 2005; “Cidade em Performance”, Porto 2001; do projecto de documentação da transformação urbana no Porto “Registos de uma Transformação”, Porto 2001, ambos no âmbito da “Capital Europeia da Cultura, Porto 2001”; e dos Encontros de Serpa, 1997, momento seminal de afirmação da sua geração.

Vencedor 2ª edição Prémio Távora

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