Prémio Fernando Távora 1ª edição
O arquitecto Nelson Mota foi o Vencedor da 1ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta “Viagem ao espaço doméstico e às cidades da burguesia do final do século XIX”
Júri: Composto por José Bernardo Távora, filho e colaborador do arquitecto, Vasco Graça Moura, poeta e ensaísta, e pelos arquitectos Álvaro Siza Vieira, Manuel Mendes e Teresa Novais.
Organização: Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos – Teresa Novais; Filipa Guerreiro; Luís Tavares Pereira (vogais do pelouro da Cultura), Ana Maio (assessoria); Margarida Vagos Gomes (vogal do pelouro da Encomenda), Rita Vitorino (assessoria).
Design gráfico: R2
Patrocínio: AXA Portugal
Regulamento da 1ª edição
Proposta “Viagem ao espaço doméstico e às cidades da burguesia do final do século XIX”
A primeira edição do Prémio Fernando Távora atribuiu a bolsa de viagem de investigação ao arquitecto Nelson Mola. A divulgação do nome do vencedor foi feita na festa I Love Távora, organizada pela Secção Regional do Norte (SRN) da Ordem dos Arquitectos, que se realizou no dia 6 de Maio, no Museu Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira. O júri desta primeira edição foi constituído pelos arquitectos José Bernardo Távora, Álvaro Siza Vieira, Manuel Mendes, Teresa Novais e Vasco Graça Moura, que decidiram a melhor das 29 propostas concorrentes. «A minha proposta era ir ao encontro das raízes da habitação da sociedade burguesa do Porto do século XIX», revelou Nelson Mota. O arquitecto já estudou esta problemática para a sua tese de mestrado que irá defender brevemente no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde se licenciou e é actualmente assistente da disciplina de Projecto. A viagem servirá agora de base para a elaboração do seu Doutoramento. O principal objectivo da jornada é encontrar a origem das diferenças existentes entre as casas portuenses e as lisboetas, enquanto no Porto predomina a influência da habitações londrinas, com as casas enquanto organismo interno, em Lisboa, imperam os prédios de rendimento parisienses, com uma porta comum e posteriores divisões.
Viajar para investigar.
Para confirmar esta influência londrina e parisiense em Portugal, Nelson Mota terá como primeiro destino da sua viagem Delft, na Holanda, cidade que «possuía a maior frota naval do mundo e desenvolveu uma burguesia muito forte», defende Nelson Mola. Em Londres o arquitecto de 33 anos tentará justificar a grande influência das casas holandesas, com a construção das casas unifamiliares que posteriormente influenciaram as casas do Porto. Depois, em Paris, analisará a habitação de rendimento que influenciou principalmente as cidades do Sul da Europa, nomeadamente Lisboa, No Rio de Janeiro, far-se-á a ponte com o modelo lisboeta, de influências parisienses. Por sua vez, em Recife, o arquitecto vai analisar as diferenças desta cidade brasileira com forles influências holandesas, tal como acontece no Porto. O importante é ver como «mesmo na América do Sul, com um clima diferente da Europa, houve influências do modelo holandês e francês». A viagem terá como último destino Boston, que devido a colonização inglesa herdou o modelo londrino de influências holandesas. No dia 1 de Outubro, «o vencedor tem que apresentar uma conferência mostrando como concretizou os objectivos», revela a arquitecta Teresa Novais, responsável pelo implementação do prémio.
O trabalho seleccionado propõe, na sequência de uma investigação da arquitectura do quotidiano (privado e público no espaço doméstico da burguesia Portuense, do século XIX) confrontar o Porto do final do Século XIX com o mundo que lhe era contemporâneo, tentando perceber o que lá sucedia, no mesmo período, para isso indo às raízes da ideia da habitação burguesa, a partir do séc. XVII em cidades europeias e transatlânticas, como Delft, Londres, Paris, Rio de Janeiro, Olinda e Boston.
Biografia do vencedor
Nelson Mota, é arquitecto pelo Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra, tendo concluído a licenciatura em 1998 e o mestrado em 2006. Exerceu funções de docente na Escola Universitária de Artes de Coimbra e no DArq. Foi o vencedor da 1ª edição do prémio Fernando Távora (2006). Em 2014, doutorou-se pela Universidade Técnica de Delft, onde é actualmente professor assistente, desenvolvendo ainda actividade de investigador. Publicou, em 2010, o livro A Arquitectura do Quotidiano (EDarq).
Desenvolveu diversos projectos no atelier COMOCO, que fundou com Susana Constantino e Luís Miguel Correia. Entre as obras do atelier, destacam-se a reabilitação do Castelo Novo, no Fundão (2008), a reabilitação e centro de visitas do Castelo de Pombal (2011), e o pavilhão desportivo N10, em Eiras (2012).
Composição de Júri
José Bernardo Távora, nasceu em 1958. Licenciou-se em arquitectura em 1981 pela Universidade do Porto. Entre 1987 e 1997, trabalhou como assistente na mesma universidade. Trabalhou em colaboração com o arquitecto Fernando Távora até 2002. Entre as suas obras destacam-se a Nova Biblioteca, Instituto Politécnico de Viana do Castelo (1994-2000); Casa em Barcelos (1995-1999); Palácio do Freixo em co-autoria com Fernando Távora, Porto (1995-2002); Escola de Ciências de Educação, Universidade do Minho, Braga (1996 2005) e o Metro do Porto, Matosinhos (1997 - 2004).
Manuel Mendes, nasceu em 1949. É arquitecto pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, (1974) onde começou a leccionar em 1980. É Docente na FAUP, matérias do âmbito da história e da teoria da arquitectura, área de investigação referenciada à arquitectura portuguesa e a pós-modernidade. Tem escrito em publicações nacionais e estrangeiras. Organiza e prepara a publicação da obra escrita de Nuno Portas, prepara publicação relativa à obra escrita e postura arquitectónica de Fernando Távora. Organizou e participou na organização de diversas exposições de arquitectura. Desde 1993 e 1998, dirige o Serviço Editorial e o centro de Documentação da FAUP.
Vasco Graça Moura, nasceu no Porto, em 1942. Poeta, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, cronista e tradutor. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, é um dos nomes centrais da poesia portuguesa da segunda metade do Século XX. Dirigiu, durante cerca de dez anos (1979-88), a Imprensa Nacional - Casa da Moeda; presidiu à comissão executiva das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa (1988); presidiu à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1988-95); foi Comissário de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha (1992); dirigiu a revista Oceanos até 1995; director da Fundação Casa de Mateus e membro do conselho consultivo da Fundação Luso-Americana. Tem feito parte do júri de variados prémios literários. Recebeu inúmeros prémios literários, entre os quais o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do PEN Clube (1997), o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1997) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB, 2004, bem como três prémios internacionais em Itália e Macedónia. Em 1998 foi-lhe atribuída a Medalha de Ouro da Cidade de Florença pelas suas traduções de Dante. É actualmente deputado no Parlamento Europeu.
Álvaro Siza, nasceu em Matosinhos, em 1933. É o arquitecto português mais prestigiado internacionalmente, tendo construído projectos em numerosos países e obtido os maiores Prémios nacionais e internacionais de Arquitectura, entre os quais se destacam o Prémio de Arquitectura da Associação dos Arquitectos Portugueses (1987); o Prémio Europeu de Arquitectura da Comissão das Comunidades Europeias / Fundação Mies Van der Rohe (1988) ; o Prémio Pritzker da Fundação Hyatt de Chicago (1992); o Prémio Secil de Arquitectura (1995 e 2000) ; o Leão de Ouro de Veneza, Bienal de Veneza (2002). A sua obra tem sido divulgada em inúmeras exposições individuais e colectivas e publicações e é regulamente convidado a participar em concursos internacionais de Arquitectura. Siza foi discípulo de Fernando Távora, com quem colaborou entre 1955 e 1958, tendo com este mantido uma cumplicidade muito grande em colaborações sucessivas até ao presente, a última das quais, no plano para a frente ribeirinha de Viana do Castelo. Nomeado Doutor Honoris Causa por diversas Universidades Nacionais e Internacionais entre as quais pela Escola Politécnica Federal de Lausanne (1993), Universidade de Coimbra (1997) Polo delle Scienze e delle Tecnologie, Nápoles (2004).
Teresa Novais, Porto, 1962. Vogal da direcção da Ordem dos Arquitectos SRN. Licenciatura em Arquitectura pela FAUP, 1991. É Assistente da Universidade Lusíada, Porto, desde 1994 e foi crítica convidada nas avaliações aos projectos dos finalistas do Curso de Arquitectura do University College Dublin, Irlanda, 1999 e 2005. Colaborou com Foster e Partners, Londres, 1990 e Eduardo Souto Moura, Porto 1991-1996 e fundou o atelier ANC arquitectos, atelier contacto no Porto do OMA no projecto da Casa da Música. Recebeu a medalha de Prata do Prémio Luigi Cosenza 2003, Nápoles, Itália.