Estucagem
O ofício de Estucagem, conjunto de trabalhos em estuque como acabamento ou como ornamento de elementos construtivos – paredes, tetos, sancas, lambrins, etc. – levado a cabo pelo estucador, encontra-se atualmente ameaçado pela concorrência de peças pré-fabricadas, cuja produção é mais rápida reduzindo, consideravelmente, o seu custo final. As matérias-primas utilizadas na preparação de massas de estuque (do italiano, stucco) são o gesso (branco) em pó, a cal aérea, pó de mármore e areia fina misturados com água. Utilizando ferramentas manuais ou elétricas, ligam-se os vários componentes até formar uma substância pastosa e fácil de manipular. Esta mistura – massa de estuque – consiste numa pasta homogénea branca que permite o revestimento de superfícies lisas planas e curvas ou com diversas texturas de acabamento. Um dos trabalhos de Estucagem mais comuns é o acabamento de paredes. Após a aplicação de argamassas de suporte em paredes de alvenaria – o emboço e o reboco –, é aplicado o estuque em duas camadas de acabamento, o esboço e o estuque propriamente dito. A massa de esboço tradicional é composta por gesso, cal, e areia ou apenas por cal e areia, e tem espessura variável. Depois de seco o esboço, é aplicado o estuque como massa de acabamento final composta por gesso e cal com espessura até três milímetros.
Pensa-se que as origens da utilização de estuque em Portugal são da época romana embora não haja registo de uma forte tradição local no uso corrente de gesso na construção, eventualmente, por não existirem muitas pedreiras de gesso branco (anidrites, alabastros e selenites) como existem em Espanha ou em França, por exemplo. Atualmente, em Portugal, a matéria-prima pedra de gesso de cor branca é, normalmente importada de Espanha ou de Marrocos mas o processo de produção e de transformação – calcinação, moagem com distintas granulometrias do gesso calcinado e a aditivação de produtos pré-doseados para diversas aplicações e usos –, é feito nacionalmente.
Existe uma variedade de modos e de técnicas de trabalhar o gesso permitindo a criação de diversos elementos ornamentais e, no caso português, a fixação de princípios e boas práticas do ofício de Estucagem, bem como a formação de mão-de-obra qualificada, deve muito ao contributo de mestres estrangeiros das artes do stucco que viveram e trabalharam no país.
Os elementos ornamentais em estuque, como florões, cantos ou frisos são geralmente executados em duas fases: a execução de uma moldura estrutural e, em seguida, os ornamentos. A moldura é habitualmente moldada na própria base, uma peça única que fica em contacto com a parede ou com o teto e que enquadra ou delimita o espaço onde são colocados os ornamentos. Estes últimos são peças mais pequenas, pré-moldadas, todas iguais ou em simetria que são colocadas justapostas no interior, ou ao longo da moldura.
A qualidade e durabilidade do estuque depende da proporção entre os diversos constituintes da mistura, sendo ainda possível acrescentar suplementos para lhe conferir determinadas características distintivas, como por exemplo, cor (através da adição de pigmentos) ou maior dureza (amassadura com água e alguma cola animal dissolvida). A massa de estuque pode ser pigmentada no momento da sua preparação se forem acrescentados, na sua composição, pigmentos (naturais ou sintéticos). Pode, ainda, ser acabada de diversas formas, consoante a dureza superficial e o grau de impermeabilização pretendidos, sendo mais comuns os acabamentos com ceras, ou óleos. Hoje é menos frequente o uso do estuque tradicional, a sua utilização mantém-se, sobretudo, em obras de reabilitação; o acabamento mais utilizado, acima de tudo, em obras de construção nova é o estuque projetado por meio de bombagem possível com argamassas pré-preparadas industrialmente.
O ofício de Estucagem, encontra-se atualmente ameaçado pela concorrência de peças pré-fabricadas cuja produção é mais rápida reduzindo, consideravelmente, o seu custo final.
O trabalho do estucador decorativo passa, maioritariamente, pela produção de frisos, florões e outros elementos decorativos para a composição de tetos e de paredes. O processo inicia-se pela produção da moldura, a peça de suporte que irá ficar em contacto com o elemento construtivo que se pretende ornamentar.
A pasta de gesso é vertida ao longo da bancada de trabalho e moldada no formato pretendido, fazendo-se deslizar o molde sobre o gesso.
Para melhorar a resistência do gesso, pode ser utilizada uma malha natural ou sintética que fica embebida na peça. Depois de seca, a moldura é serrada na dimensão correta, em função da encomenda.
A preparação da bancada de trabalho e a sua limpeza entre a execução das várias peças é essencial. Geralmente faz-se um barramento de gordura ao longo da bancada, por exemplo com óleo de linhaça, para facilitar a remoção da moldura, sem que esta se parta.
Algumas das ferramentas essenciais ao trabalho do estucador.
Os ornamentos são peças de menor dimensão que funcionam por justaposição, ao longo da moldura, isto é, cada peça é uma repetição da anterior e, depois de assentes na base, as juntas ficam impercetíveis.
Estes ornamentos podem ser talhados manualmente, mas geralmente utilizam-se moldes em silicone, onde a pasta de gesso é vertida e deixada a secar.
Depois de desenformadas, as peças podem necessitar de pequenas correções que são executadas manualmente, como a remoção dos excessos e o tratamento das arestas.
No trabalho do gesso, as possibilidades são infindáveis. Geralmente, os estucadores decorativos trabalham por catálogo, mas disponibilizam também o serviço de produção de novos motivos propostos pelo cliente.