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3 novembro 23 Toda a OA

Futuro Aeroporto — Ordem reclama ação mais interventiva

Aeroporto de Lisboa

«Mantemos elevadas preocupações relativamente ao processo e ao modelo aeroportuário a propor. Constatamos que as principais preocupações dos arquitetos não estão equacionadas no âmbito do trabalho que se está a executar, sendo apenas – eventualmente – registadas, como recomendações nos anexos a constar do relatório a apresentar aos decisores políticos. (…) Devemos preocuparmo-nos não apenas com o onde e o quanto, mas também com o como.»

A Ordem dos Arquitetos (OA) esteve reunida, na passada quinta-feira, 26 de outubro, com a Comissão Técnica Independente (CTI) que está a avaliar as opções estratégicas e modelos para aumento da capacidade aeroportuária da Região de Lisboa. Avelino Oliveira esteve acompanhado nesta reunião pelo Presidente do Conselho Diretivo Regional de Lisboa e Vale do Tejo da OA, Pedro Novo.

Esta audiência foi solicitada pela nova direção da OA, que tomou posse no mês de outubro, e permitiu igualmente apresentar cumprimentos à CTI, que esteve representada por todos os coordenadores de Projeto e pela coordenadora-geral, Prof. Doutora Maria do Rosário Partidário.

“Ainda que tenhamos ficado elucidados quanto à calendarização e ao conteúdo do relatório, mantemos elevadas preocupações relativamente ao processo e ao modelo aeroportuário a propor. Constatamos que as principais preocupações dos arquitetos não estão equacionadas no âmbito do trabalho que se está a executar, sendo apenas – eventualmente – registadas, como recomendações nos anexos a constar do relatório a apresentar aos decisores políticos”, explica o Presidente da Ordem dos Arquitectos, Avelino Oliveira.

Por essa razão, e porque pretende a OA passar a ter uma ação muito mais interventiva neste processo, a instituição irá desde já promover um debate aprofundado entre técnicos especializados, não apenas sobre a temática da localização, mas sobre todas as necessidades urbanas, de planeamento e projeto que são essenciais para construir um aeroporto, independentemente do local escolhido. “Assim que, nas próximas semanas, o relatório preliminar da CTI seja terminado”, ou seja, no início de dezembro, “realizaremos uma discussão sobre o que é realmente importante para o País, mas de que pouco se fala: devemos preocuparmo-nos não apenas com o onde e o quanto, mas também com o como”, anuncia Avelino Oliveira.

 

Procedimento único e por inteiro vai condicionar

Conhecedores do território e do planeamento urbanístico, os Arquitectos antecipam que o desenvolvimento do futuro aeroporto levará à criação de uma nova cidade, onde ficarão alojados os mais de 10 mil trabalhadores que vão construir o próprio aeroporto, os interfaces, as acessibilidades e os terminais logísticos entre outras variadíssimas infraestruturas de apoio. Se, como se antevê, dado o “cronograma apertado”, o modelo definido para executar este megaprojeto for um procedimento único e por inteiro para todas estas necessidades, então serão poucas as empresas no mundo com capacidade técnica e logística para se apresentarem para a sua execução. “É um condicionamento para os técnicos portugueses e até ibéricos. Este afunilamento condicionará aos dois ou três grupos internacionais (dos EUA, Inglaterra, Ásia) que têm capacidade para isso”, refere Avelino Oliveira, prevendo que este problema no planeamento que, “perverte o sistema e beneficia as grandes corporações, terá consequências diretas no bolso dos contribuintes.”

Avelino Oliveira tem manifestado enorme preocupação por os arquitectos e arquitectos-urbanistas não terem sido envolvidos, ou apenas participarem muito residualmente nesta fase inicial do processo de planeamento do futuro aeroporto de Lisboa, ao contrário de outras classes profissionais, como os engenheiros ou os economistas. “Somos peritos em tudo o que é preciso fazer para planear uma cidade aeroportuária na sua macro escala e posteriormente coordenar a construção do aeroporto e a cidade ou as cidades que o envolvem. Não percebemos porque é que não temos um papel mais interventivo, construtivo e participado”, diz.

A Ordem dos Arquitectos está firmemente empenhada em assegurar que estes projetos sejam realizados com os mais elevados padrões de qualidade e de excelência arquitetónica, de sustentabilidade e de equilíbrio ambiental, mas também de transparência, de equidade social e profissional, em benefício do País e da Arquitetura Portuguesa”, conclui o Presidente da OA.

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