31 outubro 24 Lisboa e Vale do Tejo
Celebração dos Centenários | Homenagem a Luiz Alçada Baptista
Homenagem ao Centenário Luíz Alçada Baptista
A 29 de outubro realizou-se a homenagem ao Centenário arquiteto Luíz Alçada Baptista (1924 – 2008).
Estiveram presentes cerca de 40 pessoas que, no auditório Nuno Teotónio Pereira, participaram entusiasticamente ao recordarem o arquiteto autor da Casa da Serra da Estrela.
Neste final de tarde memorável, foi lançado o Caderno de Centenário – Edição de 2024 – sobre a Casa da Serra da Estrela que foi vendido ao público presente e que estará agora disponível para ser adquirido na secretaria com um preço especial para membros da Ordem dos Arquitectos, no valor de 11,50€ e para o público em geral, com um valor de 12,78€.
Foram convidados e estiveram presentes, para uma conversa de homenagem ao centenário Luiz Alçada Baptista, o filho Luís Alçada Baptista (arquiteto paisagista), Gonçalo Byrne (ex-Presidente da Ordem dos Arquitectos e amigo da família), João M Santa Rita (arquiteto, amigo da família e autor da Tese de Doutoramento sobre “Projectar com o Clima em Portugal: Entre o Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa e a Revolução de Abril, 1955-1974”).
O Presidente da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Pedro Novo deu as boas-vindas a todos, referindo uma vontade indómita que tinha desde há muito em apresentar a Casa da Serra da Estrela!
Luís Alçada Baptista filho arquiteto contextualizou a origem da casa, referindo que demorou 7 anos a ser construída e sem acesso a mão de obra especializada. Recordou o seu pai, que acompanhou muito intensamente todo o processo construtivo da casa, referindo ainda o episódio no qual Luíz Alçada Baptista teve de explicar, ao empreiteiro, o método da triangulação para começar a implantação da casa
A casa desenvolve-se a partir da escada, constituindo-se como um elemento que distribui a casa e os dois pisos. Mencionou a implantação da casa e a sua relação direta com a ribeira, cujo som da água corrente foi sempre uma constante presença na vivência desta casa. Como paisagista, referiu ainda que foi a construção desta casa que o fez realmente compreender a diferença de trabalhar num meio urbano e num meio campestre.
Gonçalo Byrne contou que conheceu esta casa através de António Alçada Baptista (irmão do Centenário) que tem uma casa perto desta e cujo projeto também é da autoria de de Luíz Alçada Baptista.
Referiu que é fundamental entrar dentro da casa para descobrir a relação com a Serra da Estrela, compreendendo dessa forma como aquela casa constrói aquele lugar!
Falou também da ameaça da construção da barragem para levar água à Covilhã que proporcionou à época um evento na Universidade da Covilhã, no qual houve uma intervenção de um engenheiro que falou nas perdas das águas na rede de distribuição e nesse encontro afirmou que a construção da barragem não faria o que estava previsto.
Elogiou a casa, mencionando que é uma intervenção muito erudita em termos de arquitetura dos anos 60, mas que se mantém muito atual!
João M Santa Rita falou da sua Tese de Doutoramento sobre “Projectar com o Clima em Portugal: Entre o Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa e a Revolução de Abril, 1955-1974”, com a qual apresentou um estudo sobre a relação das casas com o clima, referindo que na Casa da Serra existe essa relação de um modo especialmente visível!
Referiu ainda que esteve em Tribunal, na qualidade de perito, e teve de explicar que não seria possível deslocalizar a Casa da Serra da Estrela, através da enumeração das pedras porque aquela casa nasce daquela Fraga e da Lareira!
Luís Alçada Baptista filho recordou ainda o seu pai, referindo que foi um humanista e uma pessoa de bem consigo e com a vida. Lembrou que tinha um grande gosto pela botânica e que não deixava a empregada da casa deitar os pacotes de leite fora para colocar sementes que depois ia plantar na serra. Recordou que as suas paixões eram a arquitetura e a família!
A conversa terminou com muitas intervenções animadas e de recordação de episódios com o centenário, por parte do público que esteve presente. No encerramento da homenagem, o Presidente da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo convidou todos os presentes a espeitarem a Sala de Trabalho do Centenário Luíz Alçada Baptista que tem algumas das peças originais do seu atelier e que estará patente ao público até ao dia 15 de novembro.