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15 março 24 Secção Regional LVT

Ciclo de Sessões Públicas #3 | Vale de Santo António, que futuro?

OASRLVT

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O resultado da consulta pública às populações das freguesias de São Vicente e Penha de França, sobre o futuro do Vale de Santo António, em Lisboa, iniciou ontem, 14 de março, a conversa do “Ciclo de Sessões Públicas #3”, organizado pela Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

João Baía, um dos promotores da “consulta alternativa” (à margem da Câmara Municipal de Lisboa, CML, mas com o objetivo de contribuir para informar as decisões políticas) destacou a opinião maioritária das pessoas que defende soluções de reabilitação em vez de construção nova, e a criação de mais espaços verdes públicos, de encontro e convívio numa área em que se estima que 20% das casas de São Vicente estejam vazias (2438 casas, segundo o censo de 2021) e cerca de 2900 vazias ou abandonadas na Penha de França, uma das freguesias com mais população em termos absolutos de Lisboa e do país. 

A acrescentar aos fogos desocupados há os grandes equipamentos públicos, em que se perdeu a oportunidade de construir mais habitação, como o Hospital da Marinha ou o Quartel da Graça (serão hotéis), este último monumento nacional com uma vista privilegiada sobre a cidade.

Lembrou, ainda, quatro das dez lições de Copenhaga (Conclusões do Congresso Internacional da UIA em julho de 2023) que alertam para a urgência de a arquitetura contribuir para o cumprimento das metas dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Sociólogo e antropólogo, João Baía referiu a necessidade de tornar em consultas públicas as soluções para Lisboa, e o direito de os habitantes fruírem o Vale. “Devemos pensar a cidade a partir de três D: desacelerar, decrescer, desconstruir (a ideia de edificar sobre tabula rasa). Precisamos responder às questões sobre que cidade queremos construir para o século XXI num mundo cada vez mais afetado pelas alterações climáticas e como se faz a auscultação pública mais intensa e inclusiva, pois não existe uma verdadeira participação das populações”.

No auditório da sede da Ordem dos Arquitectos com muitos estudantes de arquitetura, os autores do livro “O Discurso da Cidade. Redesenho Urbano, Habitação e Equipamento no Vale de Santo António, em Lisboa” fizeram a apresentação da obra, realizada numa parceria entre investigadores e alunos.

“Em paralelo com o desenvolvimento do plano da CML, fizemos uma análise dos aspetos sociológicos, biofísicos ou morfológicos da zona, com uma preocupação central pela sustentabilidade”, disse Hugo Lopes Farias.

Os autores do livro que estiveram presentes (além de Hugo Farias, João Sousa Morais, António Santos Leite, João Rafael Santos, Nuno Montenegro, Filipe Brandão do Carmo e Guilherme Maia) falaram sobre os vários aspetos do trabalho realizado com alunos: o estudo histórico das sucessivas soluções urbanísticas, a integração progressiva do Vale no desenho da cidade e a evolução dos espaços públicos, o zonamento das áreas de maior conetividade e interação social e a importância do desenho urbano das ruas.

O trabalho apresentado no livro dedicou-se ao aprofundamento e procura da “diversidade tipológica e variedade tipológicas, da variedade e versatilidade morfológicas e da hibridez funcional dos equipamentos”.

António Santos Leite chamou a atenção para os novos usos da cidade (digitais, turismo) e referiu que existe uma contradição entre a vontade de ter espaços verdes e a falta de habitação.

Pedro Novo, presidente da OASRLVT, iniciou a sessão, lembrando que a Secção de Lisboa e Vale do Tejo continuará a promover o debate de temas centrais para a sociedade e para os arquitetos.

O lançamento do livro na sede da Ordem resulta de uma parceria entre OASRLVT e editora Caleidoscópio.

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