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5 novembro 24 Lisboa e Vale do Tejo

Cerimónia | Cottinelli Telmo, membro honorário da Ordem dos Arquitectos

Nuno Almendra

Nuno Almendra

A cerimónia de outorga do título de Membro Honorário encerrou, a 30 de outubro, as comemorações do Dia Mundial da Arquitetura.

Em 2024, reconheceram-se os importantes contributos de duas entidades coletivas – Fundação de Serralves e Fundação Serra Henriques – e de nove arquiteto/a(s) - Alexandra Gesta, Jorge Henrique Cardoso da Silva, Jorge Kol de Carvalho, José Maria Lopes da Costa, Teresa Nunes da Ponte, Teresa Fonseca, Vasco Cunha, e ainda Edmundo Tavares e José Ângelo Cottinelli Telmo (a título póstumo).

A Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo preparou e propôs a candidatura de Cottinelli Telmo, cuja justificação ficou a cargo do arquiteto Pedro Novo, presidente da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

A parte da sessão especificamente dedicada a Cottinelli Telmo contou com as presenças dos arquitetos João Pardal Monteiro, Inês Cottinelli e Ana Costa. 

Pedro Novo entendeu falar “mais do pensamento e menos da obra já que é sobejamente conhecida” para relembrar, com a ajuda dos escritos de João Paulo Martins, “os múltiplos talentos e o sentido crítico” de um profissional que via o arquiteto como “chefe da grande orquestra, o compositor do todo que se chama projeto arquitetónico, obra de colaboração de muitos, mas obra de conceção de um só.”

Dada a educação técnica e artística, aos arquitetos abrir-se-ia sempre um número ilimitado de possibilidades, que conduziria através do desenho à pesquisa arquitetónica, “símbolo de ordenação, de equilíbrio em tudo, mesmo noutras formas de arte" deste profissional que se via como "homem prático e acima de tudo poeta”.

Numa posição mais institucional, segundo Pedro Novo, Cottinelli Telmo defendeu que os arquitetos estariam dispostos a dar todo o seu apoio e conhecimento à renovação panorâmica de Portugal, tendo um papel ativo na urbanização geral e na renovação arquitetónica do país, devendo manter os núcleos cheios de tradição e sabor, limpando-os de tudo o que estava a mais, por vezes retocando-os, tendo o cuidado de agir sem inventar um novo Portugal antigo, sem fazer esquisito para fazer moderno, sem fazer arqueologia para fingir antigo.

Defendia, disse Pedro Novo, “colocar um arquiteto junto de cada câmara municipal, com os respetivos poderes de comando que o saber lhes outorgaria e, para isso, entendia que devia converter Salazar num empenhado aliado da classe dos arquitetos.”

Em 1945, tomou posse como presidente da direção do Sindicato Nacional dos Arquitetos, e, no primeiro relatório anual, era denunciada a falta de participação dos associados, a falta de união, o comodismo, a dispersão, “uma legião de sombras” enfim, contraposta à mudança necessária que um milagre devia operar: “dar a cada um de nós a verdadeira compreensão da extensão dos nossos deveres em relação aos outros e a nós próprios.”

Contestou o lançamento das bases do concurso para a Igreja das Antas e para os arranjos do quarteirão norte da Praça Gomes Ferreira, no Porto, afirmando que não tinham as condições necessárias para sem aceites pelos profissionais da arquitetura.

Em 47, marcou-se o início dos trabalhos para a preparação do primeiro Congresso. Na preparação, foi vítima do estigma de arquiteto do regime, que é rejeitada pelas posições escritas do Sindicato, os seus relatórios. “Importa desmistificar este estigma”, disse Pedro Novo.

Defendeu de forma crítica e autónoma a preparação do Congresso em várias frentes, e foi independente no pensamento e ações.

É com esta ideia, profundamente agregadora e fundada nos princípios da democracia que o Conselho Diretivo da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo salva uma dívida de gratidão que a Ordem dos Arquitectos tem pelo homem, pelo arquiteto e pelo dirigente associativo que foi José Ângelo Cottinelli Telmo, outorgando-o enquanto membro honorário a título póstumo”, concluiu Pedro Novo.

 

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