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21 abril 24 Secção Regional LVT

Bartolomeu Costa Cabral (1929 – 2024)

FIMS/DR

O arquiteto Bartolomeu Costa Cabral faleceu no sábado, 20 de abril, aos 95 anos.

A Direção da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo envia sentidos pêsames à família, amigos e colegas que com ele trabalharam e conviveram, e junta-se a todos quantos são admiradores profundos do seu trajeto pessoal, profissional e cívico.

Bartolomeu Costa Cabral pertenceu à direção do Sindicato Nacional dos Arquitetos (1960-65), organismo antecessor da Ordem dos Arquitectos.

Obteve a sua formação de arquiteto na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1957), tendo ainda estudante contactado com a profissão na Câmara de Lisboa (Gabinete de Estudos e Urbanização) (1954-1959).

Num testemunho de 2011, o arquiteto escreveu: “A minha aprendizagem para o exame de desenho, para entrar para a escola, foi feita no atelier do arquiteto Frederico George, onde tive como colegas o Daniel Santa-Rita e o Tomaz de Figueiredo. Além do desenho, aprendi com o F. George uma visão plástica das coisas, e onde conheci os escultores Jorge Vieira e Rocha que esculpiam, nesse espaço lindíssimo do ateliê, um modelo em gesso de Vitoria de Samotrácia.”

Com Nuno Teotónio Pereira iniciou o seu longo trajeto e projetou com Teotónio o Bloco das Águas Livres (Lisboa,1959), edifício de habitação coletiva de referência, que está classificado como Monumento de Interesse Público.

“Comecei a trabalhar, ainda estudante, nesse ateliê [de Nuno Teotónio Pereira, Manuel Alzina de Menezes, Raul Chorão Ramalho, Manuel Tainha e Rafael Botelho, e dos quais fiquei amigo para toda a vida] em vários trabalhos, mas o mais importante foi o trabalho que desenvolvi com o Nuno Teotónio Pereira no projeto do Edifício das Águas Livres, obra de reconhecida importância no panorâmico histórico da arquitetura moderna portuguesa (…). Foi através da feitura deste trabalho que completei a minha formação como arquiteto.”

No início dos anos 60 estagiou no Centre Scientifique et Technique du Batîment (Paris) e no Greater London Council (Londres) (1962-67), tornando-se arquiteto da Federação de Caixas de Previdência (1960-63).

Colaborou com os arquitetos Maurício de Vasconcelos e Luís Alçada Baptista, no ateliê GPA, sendo responsável pelo desenho de edifícios públicos – a Sede da Sociedade Portuguesa de Autores (Lisboa,1971) – e de ensino – a Universidade da Beira Interior (Covilhã, 1973-93), a Universidade do Minho (Guimarães, 1986), a Escola Superior Agrária de Bragança (1986) ou Escola Superior Agrária de Santarém (1988).

Deixa um legado de grande qualidade, versatilidade e variedade tipológica, destacando-se, além das obras mencionadas, a Escola Primária do Castelo, (Lisboa 1960), o Conjunto de 600 fogos em Olivais Sul (em coautoria com Nuno Portas, Lisboa, 1961), o Conjunto de 300 fogos no Bairro de Olivais Sul (em coautoria com Nuno Teotónio Pereira, Lisboa,1963), o Bairro do Pego Longo, no âmbito das operações  SAAL, (Sintra, 1975-95), a Escola Superior de Tecnologia de Tomar (1988), a Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa (Sintra, 1996-2002), a Biblioteca Central e o Museu de Lanifícios  da Universidade da Beira Interior (Covilhã, 1998-2003), a Estação da Quinta das Conchas do Metropolitano de Lisboa (2002) ou Habitações Unifamiliares em Lisboa e Beja.

“O arquiteto que mais me atraiu e que estudei e que fui ver algumas obras foi o Alvar Aalto, pelo seu humanismo e relação harmoniosa com a natureza, e grande capacidade criativa”, disse.

Bartolomeu Costa Cabral foi distinguido com os prémios Eugénio dos Santos (com Nuno Teotónio Pereira, pela remodelação do Teatro Taborda, em Lisboa, 1997) e Raul Lino (pela agência da CGD de Sintra, 1978), obteve uma menção honrosa do prémio Valmor (habitação individual na Travessa da Oliveira, em Lisboa, 2009), ganhou o Prémio AICA (2019) e foi agraciado com o Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2022).

A Ordem dos Arquitectos prestou uma homenagem a Bartolomeu Costa Cabral no Dia Nacional do Arquiteto (2011). Pode consultar os testemunhos de então, dos colegas e amigos João Belo Rodeia, Manuel Tainha e José Bragança, além das palavras próprias de Bartolomeu Costa Cabral, que relembra os passos do seu trajeto

Fonte principal das informações: Ordem dos Arquitectos, Fundação Marques da Silva

 

 

 

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