Início > Notícias > Gabriel Weber é o vencedor da 20ª edição do Prémio Fernando Távora

6 outubro 24 Secção Regional Norte

Gabriel Weber é o vencedor da 20ª edição do Prémio Fernando Távora

ebun house_©fundacaopierreverger_1952

O Arquiteto Gabriel Weber é o vencedor da 20ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta “Do Benim ao Benim: Projetos Marginais, Arquiteturas Radicais”. O Júri anunciou a atribuição do Prémio numa cerimónia pública decorrida no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, a 7 de outubro, no Dia Mundial da Arquitectura.

 

O júri identificou-se e subscreveu as palavras da pintora e escritora Mónica Baldaque, que presidiu ao Júri do prémio: 
“Classifico este périplo pela Nigéria, Benim e Brasil, mais como uma expedição, pelo elemento aventura e descobertas, neste caso de vestígios de uma arquitetura local, que, por obedecer a circunstâncias históricas, geográficas não deixa de estar inscrita num quadro global, e de constituir um contributo inspirador e científico para um reconhecimento de um povo com as suas características, leis e sabedorias.
Há uma memória e conhecimentos que devem ser preservados, respeitados, e trazidos à luz de uma nova leitura perante novos cenários. Não é do etnográfico que falamos, que esse situa-se numa superficialidade decorativa. São muito mais profundas as raízes que aqui se procuram e interpretam. Penetrar nesse encantamento é um projeto notável de viajante /arquiteto.”

Na introdução da proposta apresentada pelo vencedor, lê-se “Produto da liberdade, a arquitetura Agudá tem origem no retorno de escravizados libertos do Brasil rumo ao Golfo do Benim. (Re)estabelecidos em África, os Agudás organizam comunidades em torno de uma identidade brasileira inventada, materialmente publicizada pela arquitetura.”

Para a concretização da proposta, Gabriel Weber receberá uma bolsa de viagem no valor de seis mil euros.

Gabriel Weber (Rio de Janeiro, 1997) é arquiteto, mestre pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (2022). Logrou o Prémio Viana de Lima em 2023 de melhor média do curso às disciplinas de Projeto. Transferiu e reiniciou a formação na FAUP em 2017, após um incêndio atingir o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde cursava o segundo ano. É autor do livro “Manual de prácticas del autobús - 474 Jacaré Copacabana” (Barcelona: NoLibros, 2024), desdobramento de sua dissertação de mestrado, finalista do Archiprix Portugal em 2023.
Weber está inscrito no Programa de Doutoramento da FAUP, desenvolvendo a investigação sobre o Projeto Agudá, orientada pelos professores Carla Garrido de Oliveira, da Universidade do Porto, e Roberto Conduru, da Southern Methodist University-Texas. É bolseiro pela FCT – Fundação para Ciência e Tecnologia.
Estagiou no atelier portuense MeroOficina e colaborou com o escritório do arquiteto Adalberto Dias. Paralelamente, participou como freelancer na elaboração de desenhos para o livro “Arquitectura do Bacalhau & Outras Espécies”, de André Tavares e Diego Inglez de Souza (Porto: Dafne, 2022); e para a exposição “Marina Tabassum. Materiais, Movimentos e Arquitetura no Bangla-desh”. (Lisboa: CCB, 2024).

O júri da 20ª edição do Prémio foi presidido pela pintora e escritora Mónica Baldaque, nomeada enquanto figura de relevo cultural, externa ao campo disciplinar da arquitetura, e constituído também pela Arqª Andrea Soutinho (indicada pela Fundação Marques da Silva), Arqº Carlos Prata (indicado pela Casa da Arquitectura), Arqª Teresa Fonseca (em representação da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos) e, também, Drª Luísa Távora (designada pela família do Arquiteto Fernando Távora). 

O Prémio é organizado pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN) em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos, a Casa da Arquitectura, a Fundação Marques da Silva, contando com o patrocínio, nesta 20ª edição, da Ageas Seguros.

Surge como homenagem ao arquiteto Fernando Távora que, enquanto arquiteto e pedagogo, foi uma influência para sucessivas gerações de arquitetos. Relaciona-se com os hábitos do arquiteto que, durante toda a vida, viajou pelos vários continentes para estudar a arquitetura de todas as épocas. É um prémio anual e nacional destinado a todos os arquitetos inscritos na OA, para a melhor proposta de viagem. O objetivo é incentivar e valorizar a Viagem, enquanto instrumento de formação e de apoio à prática profissional do arquiteto.

Lançado em 2005, o prémio distinguiu até ao momento os arquitetos: Nélson Mota, Sílvia Benedito, Maria Moita, Cristina Salvador, Armando Rabaça, Marta Pedro, Paulo Moreira, Sidh Mendiratta, Susana Ventura, André Tavares, Maria Neto, Eliana Sousa Santos, Isa Clara Neves, a equipa Carla Garrido de Oliveira, Filipa de Castro Guerreiro e Pedro Ribeiro, Luís Ribeiro da Silva e Margarida Quintã, Pedro Abranches Vasconcelos e Carlos Machado e Moura, João David Valério, Inês Vieira Rodrigues, Luís Santiago Batista e Maria Rita Pais.

Esta 20ª edição integra o programa de Comemorações do Centenário de Nascimento do Arquiteto Fernando Távora, organizado pela Ordem dos Arquitectos, a Fundação Marques da Silva, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, o Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra e a Escola de Arquitectura, Arte e Design da Universidade do Minho.

Voltar Atrás