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13 março 23 Centro

Segundas Segundas

© OASR Centro

Segundas Segundas de março com Branco del Río Arquitetos

Na noite de 13 de março, os Branco del Río Arquitetos encheram a sala da Casa do Dr. Peixinho para mais uma sessão da tertúlia de arquitetura Segundas Segundas. Nesta sessão, João Branco e Paula del Río contaram como 2015 foi o ano que mudou a relação de ambos com a arquitetura.


Nesse ano decidem viajar até à Austrália para uma master class com Glenn Murcutt, o único arquiteto australiano distinguido com o Prémio Pritzker, e é aí que conhecem outros arquitetos da escola australiana que mudariam para sempre a sua visão. Um deles é Richard Leplastrier, conhecido pelas suas casas autossuficientes ou casas-pavilhão.


«Estes arquitetos têm uma forma de olhar para o mundo, para a arquitetura e para a natureza completamente diferente, que nós não conhecíamos, de todo», diz João Branco. As questões coloniais não estão ausentes desta maneira de encarar a arquitetura: «Os australianos envergonham-se da forma como os aborígenes foram tratados [na colonização inglesa] e colocaram-se na posição de aprender com eles as coisas [sobre a natureza] que nós, whitefellas, não sabemos.»


O desenho destas casas, compactas e de linhas simples, obedece à possibilidade de abertura total e de ligação à paisagem, com o mínimo de interferência no terreno. Paula del Río explica que «o centro do pensamento destas pessoas é à volta da paisagem. O seu trabalho resulta de uma mistura da procura do equilíbrio e da necessidade, o que resulta numa criatividade e sensibilidade aumentadas». A sensibilidade é orientada para a natureza; a necessidade está no equilíbrio térmico.


Dentro destas casas, as infraestruturas juntam-se na fachada sul (equivalente, no hemisfério Sul, à fachada norte), mantendo o isolamento térmico.  Lá fora, na mesma fachada, a água é aproveitada para resistir aos fogos. Tira-se máximo partido do calor da lareira, em toda a casa, e da ventilação natural. Já a fachada norte abre-se ao exterior.


Construídas com estruturas leves, para que possam ser transportadas e desmontadas, estas são construções manobráveis, constituídas por uma série de «filtros» (madeiras, bindings, etc.), o que também permite criar diferentes maneiras de estar com o exterior ― de maior abertura ou, com condições atmosféricas variáveis, de maior proteção.


Esta tem sido a filosofia adotada pelos Branco del Río, que apresentaram algumas intervenções que têm realizado, um pouco por todo o país. Marcadas por linhas retas e simples, o princípio que precede as suas intervenções, além de uma «importância da clareza das intenções», é a organização do espaço, criando fluidez entre interiores e exteriores e micromundos no interior de cada casa.


Um dos melhores exemplos está no seu escritório, em Coimbra, na Rua dos Combatentes, que é totalmente desmontável. «No dia em que quisermos ir embora, podemos desmontar tudo e não deixar, marcas, lixo, desperdício», diz Paula del Río.

 

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